Está difícil falar sobre as impressões que tive desse filme, pois, para mim, ele foi simplesmente indiferente.
Com o nome de Christopher Nolan na produção, o que se esperava era um filme da qualidade e grandeza de sua trilogia como diretor (Batman, O Cavaleiro das Trevas), afinal, a melhor já lançada do gênero.
Embora não se possa negar que tecnicamente ele é impecável, a história não excita.
E mais, desde os filmes estrelados por Christopher Reeve que o público anseia por uma nova produção sobre o homem de aço que fizesse jus ao fascínio que os quadrinhos proporcionam. E essa versão chega com toda essa pretensão.
No elenco, p.ex., estão Russel Crowe, Kevin Costner, Diane Lane, Amy Adams, Lawrence Fishburne etc.
Mas nada disso conseguiu empolgar.
A primeira parte da película conta o declínio de Kripton que mais tarde continuará sendo retratado com a saga do General Zod na busca por reconstruí-lo. Mas, para isso, ele vai precisar de Kal-El, não medindo esforços para encontrá-lo, mesmo que tenha que destruir toda a Terra.
A outra parte, na mesma linha de Batman, foca o lado humano de Clark Kent, especialmente, os conflitos internos da criança que é diferente, sua busca pelas suas origens e a educação recebida dos pais adotivos.
E numa cadência pesada e com um toque de seriedade quase depressiva, o filme assim se desenvolve até a sua metade. E, ao mesmo tempo em que deixam detalhes excessivamente explicados, passa por toda a infância e adolescência de Clark na velocidade da sua visão de raio-X, invertendo, talvez, a importância das informações.
Aí é que perde sentido, o lado dramático da trama, que insinua, inclusive, uma comparação entre o Super-Homem e Jesus Cristo. Um pouco demais, não?
Outro ponto negativo foi a escolha de Amy Adams para interpretar Lois Lane. Sua atuação, como sempre, está excelente, mas ela em nada combina com Henry Cavill que interpreta o personagem principal.
Além disso, não ficou nada convincente a atração amorosa entre o casal, não há qualquer trecho da trama em que ela se desenvolve, sem contar a ausência total de química entre os atores, ou seja, o casal não funcionou. É... talvez a culpa seja do próprio roteiro.
Por outro lado, os efeitos gráficos são impressionantes, como era de se esperar, sem poupar na destruição quase completa do centro de Metropolis, as batalhas travadas entre os kriptonianos e o Super-Homem, com a participação das forças armadas americanas, são de tirar o fôlego.
Com certeza, um filme muito caro. Ação não falta e com muita destruição.
Mais um filme visualmente perfeito, mas de conteúdo mal explorado.
Ainda assim, o desfecho é interessante o suficiente para dar um final que não desagrade por completo.
Vale a pena assisti-lo? Sim. De qualidade indiscutível e com cenário e batalhas incríveis, o filme se perde nos seus próprios focos, mas levanta discussões interessantes que foram colocadas apenas de forma superficial. Pelo que se propôs, ele não atende, mas há que se reconhecer as atuações, a beleza técnica e até mesmo a tentativa de trazer algo novo ao universo desse super-herói.
Parece contraditório, mas não é.
É fácil perceber que a intenção foi boa, os questionamentos existenciais são o diferencial dessa obra em relação ao conhecido histórico de vida de Clark Kent e sua identidade secreta, mas, repito, foi mal explorado, deixando a sensação de indiferença, apesar de todo o nível técnico.
Afinal, será que eu esperei demais?
Mas quem não esperou?